Democracia exige pluralidade

12 de Janeiro 2020 - 10h50
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Inexiste democracia de pensamento único.

Também não se faz e tampouco se fortalece no pensamento binário.

Democracia exige pluralidade de ideias e de pensamento, liberdade de expressão, tolerância e aceitação das diferenças.

Sem isso, é autoritarismo.

É difícil avaliar um governo, qualquer governo com isenção.

Somos sempre parte interessada e, por isso, parciais.

Como cidadãos, porém, temos o dever moral de denunciarmos e combatermos os erros dos governos e dos partidos políticos, sejam eles quais forem.

Infelizmente, dada a radicalização patente e/ou latente em que vivemos no Brasil, tal postura não ocorre.

Bolsonaristas sentam a pua nas agremiações de esquerda e cegam para as derrapadas do governo.

Esquerdistas batem sem dó e piedade no governo e calam-se quando os erros são de aliados.

Dias desses o jornalista Leandro Fortes foi festejado ao escrever que pouco a pouco os bolsonaristas “estão desaparecendo”, mas permanecem “em silêncio, à beira do abismo. Não estão arrependidos, o arrependimento requer uma força moral distante da maior parte dos eleitores do Bozo. Estão apenas paralisados diante da sucessiva quebra de expectativas relacionadas ao admirável mundo novo que se anunciava”.

A tal força moral ausente nas hostes bolsonaristas também não está presente nos rincões de parcela significativa dos eleitores esquerdistas, ou será que tudo o que foi apurado no Mensalão e pela Lava Jato está no terreno da ilusão de ótica?

O gado que pasta num campo é tão numeroso quanto o gado que pasta no campo contrário.

Um e outro se apresentam como críticos, mas só têm olhos para ver o que ocorre no pasto do adversário e observam bovinamente as artimanhas de amigos e correligionários.

Enquanto assim for, o coronel nascido no sindicato e o capitão do exército estarão suficientemente nutridos para tanger a boiada e o país viverá no binarismo político sufocante.

Sair do maniqueísmo bolso-lulista é condição necessária para a democracia brasileira se fortalecer e se alimentar da seiva do pluralismo.