Desistir ou insistir? Treinadores analisam a polêmica da luta de Rohskopf no UFC

25 de Junho 2020 - 08h15
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A atitude de Robert Drysdale, que insistiu com veemência para que seu aluno, Max Rohskopf, não desistisse da luta contra Austin Hubbard, no "UFC: Blaydes x Volkov", sábado, dividiu opiniões. Enquanto uns defendem que o técnico exagerou na persistência, outros acreditam que o ex-atleta de MMA cumpriu a sua função de líder para tentar motivar o peso-leve, que não estava lesionado, apenas cansado.

Combate.com entrevistou treinadores de MMA, acostumados a marcarem presença nos córneres de seus atletas, para opinarem sobre o assunto. O argumento da maioria foi ao encontro do discurso de Robert Drysdale, que declarou a tentativa de dar um "empurrão psicológico" em Max ao tentar fazê-lo disputar o terceiro round - o que não aconteceu.

Rafael Cordeiro, líder da Kings MMA

- É uma situação muito difícil a que o técnico ficou. A gente sempre vai tentar o máximo do aluno, sempre vai puxar o que a gente puder. Tem vários atletas meus durante a caminhada que cansaram no decorrer do round. A gente dá uma palavra positiva, ele levanta e vai. Ainda não passei essa situação do cara pedir para sair, de ficar extremamente cansado ou quebrado da guerra. Se um dia tiver, e o aluno não quiser continuar na luta, vou entender e respeitar a vontade dele, porque no final do dia é ele que está combatendo. Posso tentar elevar o espírito dele o máximo que conseguir, mas vai chegar num ponto que a vontade dele vai prevalecer. Acredito que ninguém tem culpa, o Drysdale conhece o atleta dele melhor que qualquer outro, mas se o atleta chega pra mim e fala que não vai tentar mais, eu peço para o juiz parar. Não teria vergonha nenhuma de chegar para o juiz e falar: "Já está bom para nós".

André Dida, líder da Evolução Thai

- O treinador conhece o potencial do seu lutador. Essa não foi a primeira luta que estiveram juntos. Há uma conexão de longo prazo. Foi uma desistência mental ali. O treinador foi dar aquele ânimo, diria até que foi bonzinho, não sei se faria igual. No lugar dele eu falaria coisas piores. A gente se dedica tanto para chegar lá e desistir por uma fraqueza na mente? Eu já lutei com nariz trincado, pé e mão quebrados e continuei. É diferente correr risco de saúde, estar com um rasgo na cara, correndo o risco de perder a visão. São coisas que você não vai empurrar seu atleta para se prejudicar. Já você falar que dá para ir, e o cara amarelar, eu até mandaria o cara embora. Se fosse meu atleta, seria mais radical. É um trabalho que ele abandonou, pedi para ir mais e ele não foi, vejo isso como uma traição.

Globo Esporte