Dia dos Pais na pandemia: momento é de ressignificar convívio

06 de Agosto 2020 - 13h54
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Com a pandemia e o isolamento social, a rotina das famílias ficou muito mais intensa e desafiadora. Acompanhar aulas online, se reinventar nas atividades diárias e ajudar na superação dos medos e incertezas quando não é possível ter controle algum da situação são algumas das provas de fogo para quem vive com crianças.

A chegada de um Dia dos Pais atípico tem levado a reflexões sobre o ressignificado que as famílias dão ao convívio e à formação das crianças. "Desejo que, com a estabilização da pandemia, as pessoas entendam, definitivamente, que não é inteligente abarcar a vida na rua e deixar filhos e parentes em segundo plano", diz o professor Fred Lima.

Pai de Lucas, 10 anos, e Artur, 1, Fred acredita em uma evolução pós-pandemia. Para ele, que já participava ativamente da rotina dos filhos e enfrentou com o mais velho o desafio do ensino remoto, alguns pais ainda não despertaram para a realidade da vida escolar das crianças "por conta de uma cultura tradicional, carregada de situações de subserviência e virilidade".

"Escutamos muito que é 'coisa de mulher', e não é por aí", contesta Fred. "Trata-se de um ato de responsabilidade que deve ser dividido entre os cuidadores, ações que devem estar acompanhadas pela vivência persistente do afeto", completa. "Sem o amor edificado no seio familiar, o entretenimento e a escola passam a representar uma forma de despejo e de afirmação da virilidade".

Lucas estuda na Lápis de Cor há nove anos, e em breve irá acompanhado do irmão Artur. Fred orienta em todas as atividades, acompanha as aulas remotas e conversa com as professoras e coordenadoras frequentemente. "A escola é uma grande aliada, e eu procuro estreitar os laços", conta. "Ensino os caminhos da retidão, da ética, da disciplina e da obediência. Eles se amam de uma forma muito acolhedora", orgulha-se.

Para a coordenadora pedagógica Polena Machado, a presença dos pais ou responsáveis no processo de aprendizagem das crianças é essencial, porque educação é integralidade, não apenas estar na escola. "O desenvolvimento dos filhos parte da segurança no ambiente escolar, juntamente com a família", destaca.

Para ela, os pais devem fazer mediação com a escola. "O isolamento é de fato um grande desafio, pois as famílias nunca passaram por isso", afirma. "Os adultos precisaram ressignificar o momento, fazendo com que as crianças sintam-se bem e seguras, portanto a figura do pai ou responsável deve assegurar, entre tantos direitos, a segurança e orientar para os desafios da vida, fazendo-as compreender que não estão sozinhas".