
Fabrício Galvão, diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsável pela Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, afirma que o órgão tem a sua responsabilidade no acidente que provocou, ao menos, 10 mortes e o desaparecimento de sete pessoas, entre as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA).
No domingo, 22, a ponte, de 533 metros e mais de 60 anos, teve parte da sua estrutura colapsada. A passagem faz parte de um eixo rodoviário importante para a região Norte, por ser ponto de travessia das rodovias BR-226 (Belém-Brasília) e BR-230 (Transamazônica).
Ao todo 10 veículos, entre carros, caminhões e motocicletas, foram atingidos pelo acidente. Dois caminhões carregavam ácido sulfúrico e um, que transportava defensivos agrícolas, caíram no Rio Tocantins.
“O Dnit monitora suas mais de 6,2 mil pontes pelo Brasil. A gente avalia todas, acompanha, interdita, trabalha com todas as pontes, gerencia diariamente com nossas superintendências, e essa é a pergunta (por que a ponte caiu?) que o Dnit está investigando para buscar respostas”, disse o diretor-geral, em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo.
“Eu entendo que o Dnit é o responsável pela queda dessa ponte. O Dnit precisa apurar para entender o que aconteceu”, acrescentou Galvão.
Relatório do próprio Dnit, de 2020, apontava 19 tipos de danos estruturais na ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira.
O relatório técnico reuniu informações e fotografias sobre o mau estado de conservação da passagem, construída nos anos 1960.
Foram relatadas fissuras em 14 dos 16 pilares, nas paredes de travamento e nos blocos de fundação, além de falhas de concretagem e até inclinações observadas a olho nu nos reforços colocados nos pilares. O texto fala em “nível elevado de danificação da estrutura”, mas não menciona risco de colapso.
Relatório gerencial de infraestrutura rodoviária, que o Dnit mantém na internet, classifica como “ruim” o estado de conservação da ponte. Em uma graduação que vai de 1 a 5, em que o 5 é considerado excelente, a ponte JK aparece com 2.
Quatro anos depois da vistoria in loco, em 2024, o Dnit lançou um edital para contratar uma empresa para reabilitar a ponte ao valor de R$ 13,320 milhões. Não houve interessados.
Questionado pela reportagem do Fantástico, o diretor-geral não soube responder por que a ponte não foi interditada, uma vez que apresentava uma série de falhas. “Essa é uma das perguntas que a minha comissão está ai (no local do acidente) para descobrir. Se a causa veio de alguma negligência, que ela seja apurada e seja identificada”, afirmou.
O Dnit afirma que pretende gastar entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões para reconstruir uma ponte no local. Antes, terá que demolir o resto da estrutura da ponte que desabou, o que fará sob situação de emergência. O acidente é investigado também pela Polícia Federal.
Com informações de Estadão