
Empresa que contratou Sergio Moro (Podemos) após o ex-juiz deixar o Ministério da Justiça em 2020, a Alvarez & Marsal recebeu ao menos R$ 65,1 milhões de empresas envolvidas na operação Lava Jato, de 2013 até 2021. Esse valor é 78% de todo o faturamento por administração judicial que a companhia alega ter tido no período.
Os números foram revelados depois que o ministro Bruno Dantas, do TCU (Tribunal de Contas da União), derrubou sigilo sobre o processo que investiga se houve conflito de interesses no contato entre Moro e a empresa norte-americana..
Dantas acolheu pedido feito no Ministério Público mês passado. Segundo o MP, era preciso investigar o fato de o ex-juiz ter "proferido decisões judiciais e orientado condições para celebração de acordos de leniência da Odebrecht e, logo em seguida, ter ido trabalhar para a consultoria que faz a administração da recuperação judicial da mesma empresa".
Na prestação de contas, a A&M lista 23 empresas em processo de recuperação judicial ou falência. Dessas, ao menos 6 estiveram envolvidas na Lava Jato:
- Odebrecht/Atvos: R$ 33 milhões;
- Banco BVA: R$ 22 milhões;
- Grupo OAS: R$ 6 milhões;
- Queiroz Galvão: R$ 3 milhões;
- Enseada: R$ 172 mil;
- Agroserra: R$ 120 mil.
A administradora judicial não revela quanto foi pago a Sergio Moro pela consultoria. A Alvarez & Marsal afirmou que Sergio Moro foi contratado para compor uma unidade da empresa que não teve resultado incrementado por conta de projetos de reestruturação.
Moro trabalhou na A&M por pouco mais de um ano, atuando na área de "disputas e investigações", que cuida de questões de conduta de funcionários e corrupção dentro das empresas. A consultoria tem pouco mais de R$ 25 milhões a receber de alvos da Lava Jato.
Em nota, Moro afirma que atuou 23 anos na carreira pública e trabalhou honestamente no setor privado para sustentar sua família. No fim de 2020, o ex-juiz federal e ex-ministro assumiu o cargo de sócio-diretor da Alvarez & Marsal no Brasil. Moro deixou a empresa para tornar-se pré-candidato à Presidência da República.
"Nunca paguei ou recebi propina, nunca fiz rachadinha ou comprei mansões. Não enriqueci no setor público e nem no privado. Não atuei em casos de conflito de interesses", disse Moro.
Fonte: UOL