Ex-diretor do INEP aponta hegemonia marxista como uma das mazelas do ensino

20 de Janeiro 2019 - 04h45
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Confira artigo escrito pelo ex-diretor do INEP, consultor e mestre em Sociologia, Carlos Henrique Araújo.

 

 

Grandes Desafios do Ensino Brasileiro

 

Clamamos para que o novo ministro da educação, professor Ricardo Vélez Rodríguez, enfrente as mazelas do ensino nacional. São duas as principais: falta de aprendizado e hegemonia marxista no ensino fundamental, médio e superior.

 

Sem subterfúgios e academicismo, nas últimas décadas, o ensino brasileiro aprofundou sua irrelevância repetindo, ano após ano, a medicação ineficiente e intoxicante das esquerdas nacionais: distribuição de diplomas sem o zelo com o conhecimento relevante. Invariavelmente e sem causar nenhuma comoção para a mudança, nossos alunos estão, sistematicamente, ocupando os últimos lugares nos testes de desenvolvimento de habilidades escolares da OCDE em ciências, língua portuguesa e matemática. De dois em dois anos, o INEP mostra sem rodeios os baixos resultados de proficiência dos alunos do ensino fundamental, médio e superior e nada até então acontecia além da constatação de obviedades.

 

Por outro lado, a corporação e a inteligência pedagógica nacional ignoraram a falta de aprendizado e só fizeram entoar o mantra desgastado e inebriante de mais dinheiro, melhores salários e condições de trabalho. O país gasta cerca de 6% do PIB em educação e os resultados são pífios. Sem dúvida, a pressão sindical e dos chamados intelectuais e especialistas fez surgir mais professores diplomados, melhores salários, melhores condições e nenhum resultado prático no aumento de aprendizagem para patamares minimamente aceitáveis.  O analfabetismo literal e o funcional são endêmicos nas salas de aula do país. Uma vergonha imensurável e sempre contornada com promessas vazias de sucessivos ministros da educação.

 

Durante décadas, o MEC não mediu esforços para centralizar e domesticar recursos técnicos e financeiros para homogeneizar o ensino em todas as cidades. A famigerada Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um exemplo contundente do desejo do governo federal em controlar e direcionar os conteúdos a serem ministrados. Os documentos intitulados de BNCC extrapolam a ideia de um currículo mínimo e comum para ditar regras de comportamento político e sexual. São verdadeiros tratados pré-jurídicos escritos em uma linguagem de clichês e slogans militantes. Há muito pouco de conteúdo educacional e pedagogia baseada em evidencias.

 

A BNCC segue a linha e a tradição dos parâmetros curriculares nacionais (PCNS) elaborados no início da gestão FHC, onde foram aprofundados aspectos ideológicos de educação sexual, moldes comportamentais e ecologia radical. Ademais, foram documentos que cristalizaram o uso da ideologia pretensamente pedagógica do construtivismo vulgar, que acabou por derrotar qualquer chance de alfabetização científica dos alunos brasileiros - fato denunciado por inúmeros cientistas da educação durante décadas e solenemente ignorado pelos poderosos do ensino. Acredito que a BNCC deveria ser revogada e substituída por documentos mais claros, pedagógicos, enxutos e de orientações objetivas para a elaboração de currículos de conteúdos no ensino fundamental e médio pelos municípios e estados.

 

Ainda, as universidades e faculdades brasileiras são porosas à demagogia pedagógica, às teorias não científicas e ao marxismo vulgar. A formação dos professores brasileiros é precária em termos científicos.  É uma formação meramente teórica e extremamente politizada por meios da idolatria e da reverência pusilânime a autores exclusivamente ideológicos como o senhor Paulo Freire. A mistura entre a pedagogia socialista-militante e o ultrapassado construtivismo foi letal ao ensino e ao magistério e deve ser superada de forma definitiva.

 

Estes dois desafios, falta de qualidade e hegemonia esquerdista, para o novo ministro e para o presidente da República são gigantescos e provavelmente exigirão batalhas intensas e desgastantes. Rogo a Deus para que os ajude em tal empreitada. A universidade, a corporação e os ditos especialistas reagirão para manter o atual estado de coisas, preservando a fonte nutridora de seus empregos e de seus egos.

 

Brasília, 03 de janeiro de 2019.