Família que achou meteorito de 38 kg em PE relata "pesadelo"

04 de Setembro 2020 - 12h38
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A família de um homem que encontrou um fragmento da chuva de meteorito que caiu no município de Santa Filomena, no sertão pernambucano, a 719 km do Recife, está passando por momentos de pesadelo. Pelo menos é o que relata o morador que encontrou o maior meteorito no município: uma peça de 38,2 kg. Receoso com a segurança pessoal, ele não quer ser identificado.

Conforme mostrou uma matéria publicada pelo G1, quem achou os fragmentos ganhou dinheiro com o comércio das pedras, que estão sendo negociadas com pesquisadores e "caçadores" de meteoritos.

A mulher do morador que encontrou o mineral de quase 40 kg conta que a família mal tem saído de casa.

“Isso virou um pesadelo. A gente passou uns dias sem comer e dormir. O objeto tem valor e todos têm interesse aqui, não são só os daqui. Se não tivesse valor, ninguém viria atrás, até do exterior", relata a mulher do morador.

No momento da chuva dos fragmentos em Santa Filomena, o morador disse que ouviu o estrondo, mas só ficou sabendo do que se tratava depois. Dias após o fenômeno, ele decidiu procurar em sua propriedade se as pedras haviam caído por lá ou na região, na zona rural do município.

"Na quinta-feira (27), um morador me deu informação de onde houve um grande abalo, um estrondo, uma pancada, como se tivesse enfiado algo no chão. Ele me informou uma localização. Comecei as buscas no amanhecer. Quando foi por volta das 8h30 da manhã, consegui localizar a pedra", conta.

Segundo ele, o fragmento estava enfiado no solo. "Eu retirei e levei até uma estrada aproximadamente 2 km de distância dali, na mão, dentro da Caatinga, até chegar na minha moto. Aí trouxe para a cidade”, relata.

Ainda sem acreditar no tamanho do achado, o homem procurou os pesquisadores para informar sobre a pedra de quase 40 kg que tinha caído em sua propriedade. Mas a repercussão do comércio das pedras foi tamanha que acabou com o sossego da família.

“A gente acha uma pedra dessa, e o pessoal já pensa que a gente virou milionário. Não é bem assim. A gente está muito tenso”, disse o homem que encontrou o meteorito.

O diretor-secretário da Sociedade Brasileira de Geologia e professor do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fábio Machado, analisou imagens da pedra encontrada pelo morador de Santa Filomena. Para ele, trata-se de um meteorito — só falta saber de que tipo.

"Precisamos de testes para cravar que é do tipo condrito, mas é um meteorito. É uma importante amostra", afirmou Machado.

Conforme o G1 apurou, algumas pedras foram comercializadas pelos moradores à caçadores de meteoritos estrangeiros por até R$40 o grama, o que faria do meteorito de quase 40 kg ter um valor milionário. Um amigo que tem representado a família na comercialização da pedra contou que os mesmos caçadores ofereceram, contudo, 'apenas' R$120 mil.

“A gente teve proposta, mas foi gente querendo se aproveitar e isso não nos interessa. Não temos pressa em negociar a pedra de forma alguma. A gente não deu preço a essa pedra. Não tivemos negociação com ninguém”, enfatizou a esposa.

Com informações do G1 Petrolina e Região