
Como no clássico De Volta para o Futuro, um grupo de advogados e contadores encontrou uma forma de “retroceder no tempo”, não com um DeLorean, mas com papelada forjada e registros contábeis manipulados. A Polícia Federal (PF) desmantelou nessa quarta-feira (7) um esquema de fraudes previdenciárias que simulava vínculos empregatícios no passado para garantir aposentadorias irregulares junto ao INSS.
Batizada de Operação DeLorean, a investigação mostrou como os criminosos falsificavam dados trabalhistas com a ajuda de empresas de fachada. O golpe envolvia a transmissão extemporânea de guias de recolhimento do FGTS (GFIPs) e de informações à Previdência Social — para forjar anos de contribuição inexistentes. As informações são do Metropoles.
Em vez de carimbos e assinaturas legítimas, apresentavam provas friamente fabricadas para convencer a Justiça da suposta legalidade dos pedidos de aposentadoria. O resultado era uma sequencia de decisões favoráveis e benefícios depositados mês após mês a pessoas que nunca contribuíram como afirmavam.
O rombo já confirmado nos cofres públicos ultrapassa R$ 56,6 milhões, valor relacionado a 232 benefícios concedidos de forma irregular. Mas o impacto pode ser ainda maior. Segundo a Polícia Federal, os danos futuros podem ultrapassar R$ 200 milhões se os pagamentos não forem interrompidos a tempo. O INSS já iniciou a revisão dos cadastros e pode anular os benefícios.
Ao todo, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, com bloqueio de bens dos investigados e determinação de reanálise dos processos suspeitos. A PF também apura se houve envolvimento de servidores públicos no esquema.
A escolha do nome da operação é simbólica. O DeLorean da ficção virou metáfora para a manipulação de datas e vínculos trabalhistas, criando um “passado” que nunca existiu. Agora, os envolvidos podem responder por estelionato contra a Previdência, falsidade ideológica, uso de documento falso e associação criminosa.