Jogador que disputou Mundial de Clubes vende cheirinho para carro na rua

13 de Novembro 2020 - 03h18
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Um vidrinho de esmalte, uma mistura de essências que precisou de alguns meses até chegar ao ponto certo, álcool e o logo do time do coração: são esses os três componentes do "cheirinho de carro" vendido pelo jogador profissional Marcos Paulo pelas ruas do centro de Marília (SP).

Cada unidade do produto custa R$ 10, dura cerca de duas semanas, e é com a grana das vendas que o atleta ajuda a pagar as contas da casa em que mora com os pais e dois irmãos. Nem sempre foi essa a fonte de renda de Marcos, jogador profissional com passagem por quatro clubes desde os 15 anos.

Há menos de um ano, o mariliense estava no Qatar disputando o Mundial de Clubes pelo Hienghène Sports, time da Nova Caledônia, colônia francesa na Nova Zelândia, eliminado logo na estreia do torneio. O contrato temporário veio seguido de uma proposta oferecida pelo Próspera, time de Santa Catarina. O jogador aceitou, mas o contrato foi rescindido antes mesmo de ele estrear após a troca da direção técnica do time.

Desde então — a negociação aconteceu no começo deste ano —, Marcos está fora de campo. Aos 22 anos, o mariliense vive a incerteza que é ser jogador de futebol. Após período parado devido à pandemia de coronavírus e a negativa do Próspera, o jogador se viu em depressão, sem vontade de comer nem levantar da cama.

"Até que entendi que não poderia continuar assim. Precisava ajudar em casa, precisava trabalhar. Entrei no YouTube e pesquisei 'como faturar uma graninha extra', então vi que algumas pessoas vendiam cheirinho para carro. Pensei: 'É isso, vou tentar'", conta ao UOL Esporte.

"Peguei R$ 50, comprei os produtos. No mesmo dia, fiz alguns e consegui vender 20 vidrinhos. Faturei R$ 200. Comecei a testar fórmulas para chegar ao cheiro certo, o que me agradava. E deu certo. Não sinto nem um pouco de vergonha do meu trabalho", afirma.

O jogador publicou uma imagem no Instagram, onde desabafou:

"Estou desempregado, mas estou na correria vendendo cheirinho. Não estou fazendo mal para ninguém, não estou roubando, destruindo famílias. Muitas pessoas vão dizer 'Nossa, estava em outro país, estava no Mundial de Clubes da Fifa'. Mas e daí? Futebol é uma roda gigante, uma hora você está lá em cima, e outra hora, lá embaixo. Hoje, estou embaixo, mas amanhã estarei em cima".

Com informações do UOL