
O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) obteve nova condenação em processo que investigou um esquema de lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas. A decisão foi proferida pela Unidade Judiciária de Delitos de Organizações Criminosas (UJUDOCrim) e resultou na condenação de quatro pessoas ligadas à facção criminosa conhecida como Sindicato do Crime do RN.
Entre os sentenciados está Alan Marcos Zico Fonseca da Silva, conhecido como “Alan Bigodinho” ou “Magnata” do crime, apontado como uma das principais lideranças do grupo criminoso. Ele foi condenado a 34 anos e 10 dias de reclusão, além de 90 dias-multa, por lavagem de dinheiro, com agravante de reincidência. Segundo as investigações, Alan utilizava contas bancárias próprias, de familiares e da empresa que controlava para ocultar a origem ilícita dos recursos.
De acordo com o MPRN, a movimentação financeira da família de Alan entre os anos de 2013 e 2021 ultrapassou R$ 5 milhões, valor incompatível com a renda declarada. Apenas em dois anos, a conta da empresa movimentou R$ 364 mil, a maioria de origem desconhecida.
Alan, que já possuía histórico criminal por tráfico de drogas, porte ilegal de armas e associação criminosa, era considerado um “conselheiro” dentro da facção e integrava a lista dos criminosos mais procurados do estado. Ele foi preso em janeiro deste ano, em um resort de luxo em Porto de Galinhas (PE), após dois anos foragido do sistema prisional, onde cumpria pena em regime semiaberto.
Outros três réus ligados a Alan também foram condenados. Maria de Fátima Gomes Trajano, ex-companheira do condenado, recebeu pena de 10 anos de reclusão, em regime fechado, e 32 dias-multa. Ela foi acusada de fracionar depósitos em espécie em sua conta bancária e movimentar valores em nome da filha menor de idade, com a ajuda de Alan.
As investigações apontam que Maria de Fátima recebeu mais de R$ 436 mil em espécie a partir de 2017, período em que Alan já havia deixado de movimentar suas contas. A conta da filha do casal, aberta quando ela tinha apenas quatro anos, registrou créditos superiores a R$ 580 mil em dois anos, também sem origem identificada.
A mãe de Alan, Francisca Francinete Lima da Fonseca, e a irmã de Maria de Fátima, Jessica Kaline Gomes Trajano, também foram condenadas. Ambas receberam penas de cinco anos de reclusão em regime semiaberto, além de 16 dias-multa. Elas foram acusadas de lavagem de dinheiro por meio de depósitos fracionados em valores incompatíveis com sua renda.
Bens apreendidos
Apesar das condenações por lavagem de dinheiro, os quatro réus foram absolvidos da acusação de associação criminosa, devido à ausência de provas suficientes para comprovar o envolvimento conjunto em atividades ilícitas. Os bens e valores apreendidos ao longo da investigação, cuja origem não foi comprovada, serão revertidos em favor da União.