Menina de 15 anos morre por complicações do uso de cigarro eletrônico

29 de Maio 2025 - 18h54
Créditos: TranTien LocDo/Pixabay

Uma adolescente de apenas 15 anos morreu nesta quarta-feira (28/5) após complicações pulmonares que podem estar relacionadas ao uso de cigarro eletrônico, em Brasília. A jovem estava internada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), após passar por outras duas unidades de saúde devido ao agravamento do quadro clínico.

Segundo informações apuradas, a menina havia dado entrada no Hospital Cidade do Sol no último dia 18 de maio, onde recebeu diagnóstico de Pneumonia Comunitária, Influenza A e EVALI — sigla em inglês para "Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Produtos de Vaping ou Cigarro Eletrônico".

Com o agravamento da febre e necessidade de cuidados especializados, ela foi transferida para o Hospital Universitário de Brasília (HUB), onde chegou a ser intubada. Após piora, foi encaminhada à UTI do Hran, mas infelizmente não resistiu. A confirmação do diagnóstico de EVALI só poderá ser feita após a necrópsia.

A escola onde a adolescente estudava publicou nota de pesar. O velório está marcado para esta sexta-feira (30/5), às 15h, no cemitério de Águas Lindas. O sepultamento ocorrerá às 16h30.

Vape: o risco invisível que atrai jovens
Embora o cigarro eletrônico seja frequentemente vendido como alternativa “menos nociva”, especialistas alertam: o vape contém substâncias tóxicas, pode causar dependência e está diretamente relacionado a doenças pulmonares graves — como no caso da jovem de Brasília.

De acordo com o pneumologista Elie Fiss, o uso de vape pode agravar problemas respiratórios como asma e bronquite, além de expor o usuário a compostos químicos como formaldeído, acroleína e metais pesados, incluindo chumbo e níquel.

“Os cigarros eletrônicos são altamente viciantes devido à alta concentração de nicotina. Eles entregam doses rápidas da substância, o que eleva o risco de dependência — especialmente em cérebros ainda em desenvolvimento”, reforça o pneumologista Fabrício Sanches, do Hospital Santa Lúcia.

Uso entre jovens cresce de forma alarmante
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (IBGE) revelam que 16% dos adolescentes entre 13 e 17 anos já experimentaram cigarros eletrônicos. Entre os jovens de 18 a 24 anos, o número salta para 21,4%. A falta de regulamentação e o acesso fácil a produtos de origem desconhecida agravam ainda mais os riscos.

No Brasil, cerca de 2,9 milhões de pessoas utilizam cigarros eletrônicos, mesmo com a proibição da venda imposta pela Anvisa. Especialistas pedem políticas públicas urgentes para conter o avanço do uso entre jovens — especialmente diante de tragédias como a desta adolescente.