Pedagoga defende que quarentena seja uma grande lição para o convívio familiar

23 de Março 2020 - 05h28
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Com a determinação do Governo do RN que suspendeu as aulas nas redes privada e pública do estado, na terça-feira (17), em virtude do avanço do coronavírus, as crianças estão em casa com suas famílias, na chamada quarentena. Como a orientação é de que não se trata de um período de férias, mas de reclusão e cuidados redobrados, é preciso repensar e reprogramar os próximos dias.

A pedagoga Luciana Queiroz afirma que esta deve ser uma grande lição para o convívio familiar. "Essa fase vai passar, mas pode nos deixar o ensinamento de que a família é importante para todos, principalmente para uma criança que está em formação de hábitos para a vida", diz.

Para ela, neste período é importante estabelecer uma rotina com as crianças, mesmo longe da escola. "Não estamos acostumados a ficar em casa por tantas horas do dia, e no momento que é lançado esse desafio, todos ficam inquietos e se questionando sobre o que fazer para administrar o tempo", afirma.

De acordo com Luciana, que é coordenadora pedagógica na Escola Lápis de Cor, é preciso manter a rotina, por exemplo, nos horários de dormir e acordar. "Se a criança dorme tarde, fica propícia e uma disfunção hormonal, podendo acarretar a falta de concentração e a mudança de humor, o que pioraria a permanência em casa", alerta.

A alimentação deve ser ainda mais balanceada e rica em frutas, legumes, água e sucos, evitando os alimentos ricos em açúcar e gordura, sobretudo na ausência de práticas esportivas e brincadeiras livres, como corridas e bicicleta.

"É um momento das famílias aproveitarem para conversar com seus filhos, comer à mesa, observar o banho e reconhecer algumas particularidades deles, pois no dia a dia e na correria cotidiana muitas situações são camufladas para todos", afirma a pedagoga. "Precisamos tirar dessa situação pontos positivos, como o envolvimento de todos da família num diálogo produtivo".

Luciana explica, ainda, que é possível estabelecer atividades pedagógicas na rotina da casa: a organização dos pertences das crianças é um exemplo. "Pode-se organizar as roupas e os calçados observando os números presentes, as cores, as variedades, com um objetivo educativo e pedagógico, levando-as a ordená-los", mostra.

"Também é possível ensinar a arrumar a cama, dobrar os lençóis, organizar os brinquedos com todos os atributos essenciais na educação infantil: cores, formas e tamanhos", acrescenta a pedagoga. Para ela, é um momento oportuno inclusive para o que chama de educação socioemocional. "Faça questionamentos como: há quanto tempo você não usa esse brinquedo? Se a criança não lembrar, faça-a refletir se não poderia doá-lo".

Por fim, ela orienta que atividades de representação de escrita (desenhos) sejam realizadas com horários preestabelecidos, propiciando um momento específico de concentração. "Também os jogos educativos são essenciais nesse período, porque envolve todos os componentes familiares, como quebra-cabeça e jogo da memória".