Pequenos negócios vencem na pandemia e são decisivos para recuperação da economia no RN

30 de Agosto 2021 - 19h16
Créditos:

Danilo Sá e Diego Campelo

Editor e Repórter

 

Foi do contraste entre o calor da chapa do hambúrguer e o frio do refrigerador do açaí que o empresário Emanoel Veríssimo olhou para trás e percebeu quantas conquistas ele havia realizado em meio a um período tão turbulento e de incertezas como a pandemia da Covid-19. Enquanto milhares de empresas fechavam as portas, o empresário não somente conseguiu manter seu empreendimento de pé, como também ampliou seu negócio, abrindo mais uma unidade, que hoje é sucesso em um dos bairros mais nobres de Natal.

A vida de Emanoel tem desses contrastes. Sua caminhada empreendedora começou literalmente com os pés no chão, ou melhor, na areia quente da praia de Genipabu, um dos cartões postais mais belos do Rio Grande do Norte. Era lá, entre os passeios de buggy e de dromedário, que Emanoel empurrava um carrinho e, como ambulante, vendia açaí em caixinhas de isopor.

Crédito: Reprodução/Facebook

O negócio foi crescendo e ele deixou a praia para trás e abriu a primeira unidade de sua açaiteria no bairro Pajuçara, na Zona Norte de Natal, há 8 anos. A experiência adquirida por Emanoel com a venda de açaí em Genipabu deu a ele a ambição de empresário e a habilidade de fazer muito com pouco.

Em maio de 2020, enquanto inúmeros negócios fechavam afetados pela pandemia, Emanoel abria uma segunda unidade da empresa World Lanche Açaí, no bairro Tirol, uma das áreas mais nobres da capital. A nova unidade começou apenas como delivery e, cinco meses depois, um novo espaço físico foi inaugurado para receber clientes após uma ampla reforma no estabelecimento.

Com a nova unidade aberta, o World Lanche Açaí, que tem como carros-chefes o hambúrguer e o açaí, passou a gerar mais sete empregos, se tornando um verdadeiro exemplo de gestão e um símbolo da importância dos pequenos negócios durante a pandemia. No total, consideradas as duas unidades, a empresa gera hoje 17 empregos diretos.

“Quando o comércio fechou devido à pandemia, como nós não tínhamos praça, focamos no delivery, que já tinha um número expressivo de demanda. Melhoramos o serviço na pandemia e assim consegui abrir o outro estabelecimento num momento de fechamento do comércio”, conta o empresário, hoje mais conhecido como Emanoel do World Lanches.

Crédito: Reprodução/Facebook

PEQUENOS NEGÓCIOS

O caso do World Lanche é um exemplo concreto do que representam as pequenas empresas na pandemia, mais especificamente na manutenção dos empregos e na recuperação da economia potiguar.

Os pequenos negócios geraram 74,3% das vagas abertas em julho no Rio Grande do Norte, segundo dados do Mapa do Emprego, uma publicação mensal do Sebrae-RN que analisa a evolução das contratações e demissões formais, com base em números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Juntas, as microempresas e empresas de pequeno porte abriram 3.403 novas vagas em julho. Isso é quase o triplo dos novos empregos abertos pelas médias e grandes empresas potiguares no mesmo período. Essas últimas tiveram um saldo de 1.146 novos postos de trabalho criados.

SER PEQUENO É UMA VANTAGEM

A analista-técnica do Sebrae Jéssica Barros explica que, quando se fala em empreendimento, ser pequeno tem suas vantagens. Uma delas é a “flexibilidade para fazer mudanças”. Ela também é empreendedora e abriu uma padaria, a Di Grano Pães e Café, em janeiro de 2020 em Natal, pouco antes da pandemia, o que tornou-se um grande desafio para um pequeno negócio que ainda dava seus primeiros passos.

“As grandes dificuldades que a gente enfrentou foram nos adaptarmos com mais velocidade. Isso foi um desafio, porém foi um fator positivo sermos pequenos, porque quando você é pequeno você tem um pouco mais de flexibilidade para fazer mudanças, elas dependem muito mais de você”, explica a empresária.

Jéssica lembra que foi “desgastante e cansativo” ter que fazer tudo ao mesmo tempo durante uma pandemia que ninguém esperava. O que vai ficar de aprendizado para ela após esse período é a ideia de sempre fazer o melhor possível dentro das condições disponíveis.

Crédito: Diego Campelo

“Nós temos que aprender a fazer tudo, o empresário tem que ser o produtor, o vendedor, o blogueiro, tem que fazer tudo ao mesmo tempo e isso também é um desafio muito grande, mas se a gente tiver amor e propósito, saber o que a gente está fazendo, então realmente o seu negócio vai desenvolver. Quem mais tem que acreditar no nosso negócios somos nós mesmos”, destaca.

A analista e empresária afirma que os maiores desafios dos pequenos negócios atualmente no Brasil são uma alta carga tributária, escassez de mão de obra qualificada e a falta de profissionais dispostos a aprender.

“A dica que eu dou é perseverar, acreditar no propósito do seu negócio e não ter medo de botar a cara no sol, de ser o blogueiro, de ser o vendedor, de precisar fazer o que for realmente necessário, desde que você saiba que você está dando o seu melhor”, finaliza.

APRENDENDO A EMPREENDER

Em meio as dificuldades impostas pela pandemia, muitos brasileiros viram no empreendedorismo a oportunidade de melhorar de vida. E, para entrar neste universo da melhor maneira, o Sebrae oferece o Empretec. Idealizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o seminário completa 23 anos de execução no Rio Grande do Norte com um marco: 300 turmas formadas e mais de 6,5 mil potiguares impactados pela metodologia. No país, já são 26 anos de existência da capacitação, com 12.308 turmas e 285.769 participantes. Atualmente, o Empretec é promovido em cerca de 40 países. O Empretec muda a visão e a postura do participante.

O trabalho de percepção do comportamento dos participantes veio de uma pesquisa em que foi observado como se portam os empreendedores de alta performance e como agem no dia a dia. A partir daí foram identificadas as dez características do comportamento empreendedor, que integram o conteúdo de todo o seminário. 

Crédito: Agência Sebrae

Durante seis dias de imersão, os participantes do Empretec são desafiados a desenvolver atividades práticas que aperfeiçoam as habilidades do empreendedor na gestão de negócio, no decorrer do seminário. Dessa forma, as habilidades são realmente identificadas e implementadas. Além da experiência prática, os participantes são apresentados à características como persistência, comprometimento, busca de informação e estabelecimento de metas. Ao todo, dez características empreendedoras avaliadas pela ONU como essenciais para um negócio de sucesso são experimentadas e desenvolvidas pelos participantes do seminário.

Para quem tem interesse de participar de uma das turmas, é preciso acessar o site www.rn.sebrae.com.br e verificar o calendário de turmas previstas para a região. E aqueles que já são empretecos terão a oportunidade de reviver a experiência do seminário. Nesta segunda-feira (30) e terça-feira (31), das 19h às 22h, o Sebrae promove “Empretec Realiza”, um evento no formato híbrido, gratuito e voltado exclusivamente para empretecos de todo o Brasil, possibilitando reviver a experiência do Empretec, trabalhar os comportamentos empreendedores e fazer conexões com a comunidade de #empretecos do Brasil.