PIB do Brasil poderá encolher 4,4% em 2020, maior queda desde 1962

20 de Março 2020 - 06h18
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Os efeitos da pandemia de coronavírus na economia brasileira podem fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 termine com uma retração de 4,4%, segundo estudo feito pelo Centro de Macroeconomia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Se confirmada, seria a maior retração registrada no país desde 1962, quando iniciou a série disponível no site do Banco Central.

O cenário simulado pela FGV considera que a economia brasileira sofrerá com efeitos de mesma magnitude que os registrados durante a crise financeira de 2008, dada a redução da atividade global, especialmente nas economias chinesa, europeia e americana.

Também são considerados impactos domésticos similares aos registrados no pós-greve dos caminhoneiros, em maio de 2018.

Segundo Emerson Marçal, coordenador do Centro de Macroeconomia,  a simulação recupera os efeitos que importantes crises domésticas e externas geraram sobre a economia brasileira para estimar os possíveis efeitos oriundos da pandemia em termos de magnitude e duração.

— Premissas bem razoáveis sugerem que a crise terá um custo econômico bastante alto. Este custo será tão menor quanto mais rápido houver uma normalização nos principais mercados internacionais e quanto melhor o governo brasileiro, nos seus diversos níveis, mostrar-se capaz de gerir a crise  doméstica — explica.

Marçal ressalta, no entanto, que o cenário traçado pode ser conservador, caso os efeitos da pandemia perdurem por mais tempo. A greve dos caminhoneiros, por exemplo, teve duração de cerca de dez dias, mas o choque se prolongou por outros trimestres.

— O que vai acontecer (em 2020) dependerá da duração. Quanto mais longo for no tempo, mais tempo vai demorar para recuperar (a economia). Se isso durar muito, esse número (-4,4%) será conservador— afirma.

No melhor cenário, efeitos até fim de 2021

Segundo o estudo, no pior dos cenários, os efeitos significativos da pandemia poderão ser sentidos até 2023. No melhor, os efeitos negativos podem se dissipar a partir do final de 2021.

O Globo