
A contratação da banda de pagode Negritude Júnior pela Prefeitura de Cotia (SP) para a Congada de São Benedito levantou suspeitas de conflito de interesse e possível favorecimento político. O contrato, no valor de R$ 67 mil, foi fechado com Roneia Forte Corrêa, representante da banda e, até então, assessora do vereador Alexandre Frota (PDT). O show ocorreu poucos dias após a assinatura do contrato, em 14 de maio.
O caso chamou atenção porque o contrato foi assinado com o secretário de Cultura do município, Pedro Henrique Maciel Peixoto, biógrafo e aliado político de Frota, o que levantou suspeitas de interferência. Um conselheiro de cultura de Cotia denunciou o caso ao Ministério Público de São Paulo (MPSP), que já investiga a empresa responsável pelo Negritude Júnior por suposto superfaturamento em outro evento em Campinas.
A Prefeitura de Cotia afirma que houve uma redução de R$ 22 mil no valor inicialmente pedido pela banda e nega qualquer participação da Câmara Municipal na escolha do show. Em nota, diz que a nomeação de Peixoto ocorreu “com base em sua experiência” e que “não há conflito de interesses”.
Roneia, que foi exonerada após o episódio, admitiu o erro ao Metrópoles. “Não me atentei que estava trabalhando em Cotia. Ele (Frota) ficou bravo, me deu bronca e fui mandada embora”, afirmou. Ela ainda disse que “não sabia que o show era para Cotia” e que o secretário também não sabia que ela trabalhava com o vereador.
Além disso, o vereador Alexandre Frota enfrenta uma denúncia na Câmara por quebra de decoro parlamentar, após realizar fiscalizações noturnas em unidades de saúde da cidade. O Cremesp considerou a atitude como invasão e desmentiu publicamente o parlamentar, que havia anunciado uma “aliança” com o órgão. A Comissão de Ética da Câmara apura o caso, que pode resultar em cassação de mandato.