Presença de Bolsonaro em ato agrava crise com Congresso e STF

16 de Março 2020 - 05h34
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O gesto do presidente Jair Bolsonaro de interagir durante pouco mais de 1h com apoiadores, em frente ao Palácio do Planalto neste domingo (15), trocando cumprimentos e compartilhando celulares, foi muito mais do que um ato de desobediência às orientações médicas que ele deveria seguir e ao decreto do governo do Distrito Federal que proíbe aglomerações de pessoas.

Ao posar para fotos em que aparecia em primeiro plano a faixa “Fora Maia”, num ato no qual manifestantes pediam o fechamento do Congresso Nacional e do STF, vai atrapalhar ainda mais as já deterioradas relações entre o Executivo e os outros dois poderes. No mais ameno dos comentários entre os parlamentares ouvidos pelo Congresso em Foco, o comportamento do presidente foi classificado como irresponsável.

Há quem interprete que Bolsonaro decidiu ir às ruas, multiplicando para si e para terceiros os riscos sanitários representados pela pandemia de Covid-19, por perceber que sua força está em declínio. Atestam isso indicadores de monitoramento das mídias sociais e até mesmo o número de manifestantes.

Congresso

Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), sinalizaram neste domingo, em entrevista à estreante CNBB Brasil, desconforto com os atos e o comportamento de Bolsonaro.

"Convidar para ato contra poderes é confrontar a democracia", disse Davi. "Eles continuam ainda processando como se estivéssemos em um processo eleitoral. A eleição acabou. Não são só os brasileiros que votaram no candidato A ou no candidato B que estão aguardando respostas, são todos os brasileiros que esperam do governo e do Parlamento as respostas que são urgentes para a sociedade", destacou o senador. Para Rodrigo Maia, a relação entre o Legislativo e o Executivo federais é prejudicada por apoiadores radicais do presidente, que usam as redes sociais para "contaminar o ambiente".