
Tedros Gebreysus, diretor-geral da OMS, alerta que, apesar da queda nos números do coronavírus na Europa, a entidade estima que existe um fenômeno importante de sub-notificações na América Latina e em outras partes do mundo.
Segundo ele, a pandemia está "longe de terminar" e a falta de testes em diferentes regiões do mundo é um motivo de preocupação. "Temos um longo caminho diante de nós", lamentou.
O diretor rebateu as críticas de Jair Bolsonaro, presidente brasileiro que insinuou na semana passada que não seguiria as recomendações da OMS por Tedros não ser um médico. De fato, o diretor é biólogo. Mas com mestrado e doutorado em saúde pública, além de ter sido ministro da Saúde e contar com dezenas de especialistas ao seu lado para formular as recomendações da entidade.
Ao ser questionado pelo portal UOL sobre os comentários do presidente brasileiro, o etíope evitou citar o nome do país. Mas indicou que quem seguiu os conselhos da OMS está em uma melhor situação hoje, em comparação com aqueles que não escutaram. "Na OMS, só podemos dar conselhos. Não temos mandato para impor nada. Cabe a cada país aceitar ou não", disse. "Mas o que garantimos é que damos nossas orientações com base nas melhores evidências e ciência", disse.
"No dia 30 de janeiro, declaramos emergência global. Naquele momento, só existiam 82 casos fora da China. Nenhum caso na América Latina e nem na África. Nada. Apenas dez casos na Europa. Portanto, o mundo deveria ter escutado a OMS cuidadosamente", disse.
Segundo ele, países poderiam ter iniciado suas medidas sanitárias de preparação se tivessem ouvido. "Isso é suficiente para entender a importante de escutar os conselhos da OMS", afirmou. "Quem seguiu está em melhor posição que outros. Isso é fato", insistiu Tedros, que pediu para testar e isolar as pessoas infectadas.
"Damos a melhor recomendação possível. Cabe aos países aceitar ou rejeitar. É responsabilidade de cada um. Espero que isso seja muito claro, para todos os países", afirmou. "Vamos continuar a dar orientações com base em ciência e evidências", disse.
Com informações de UOL.