Testemunhas afirmam que ouviram de agressores que congolês teria recebido 'corretivo por roubar'

03 de Fevereiro 2022 - 08h44
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Um casal de namorados relatou à Polícia Civil do Rio de Janeiro ter testemunhado parte da sessão de espancamento que terminou com a morte do congolês Moïse Kabagambe, 24. Eles contaram que, ao tentar intervir, ouviram de um dos envolvidos no crime: "Nem olha, ele estava roubando aqui, a gente quer dar um corretivo".

A mulher relatou ter pedido ajuda a dois guardas municipais, que não foram checar as agressões. O casal prestou depoimento na Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca, na última terça-feira (1º). 

Não há qualquer registro de que o congolês estivesse praticando roubos na região. A família de Moïse diz que ele foi ao quiosque Tropicália para cobrar R$ 200 em diárias de trabalho devidas.

Ao relatar o que aconteceu na noite de 24 de janeiro, a testemunha contou que saiu da areia para pegar um refrigerante no quiosque Tropicália quando viu Moïse sendo espancado.

Neste momento, diz a testemunha, uma funcionária estava muito nervosa e disse a ela já ter pedido para que os homens parassem de agredir Moïse. Essa funcionária ainda não foi identificada no inquérito policial.

Ao voltar para areia, onde estavam seu namorado e dois primos, a testemunha então tentou mobilizar dois guardas municipais, que ignoraram o pedido de ajuda.

A GM-Rio (Guarda Municipal) informou não ter recebido notificação em relação ao testemunho relatado e se disse disponível para cooperar com as investigações.

Sozinho, o casal voltou ao quiosque e encontrou Moïse amarrado. As imagens da câmera de segurança registram a mulher no vídeo, de costas, usando short de cor clara.

Em seu depoimento, o namorado dela corroborou a versão. Ele diz que Moïse já estava com a pulsação fraca. Segundo o rapaz, os agressores tentaram fazer manobras respiratórias, mas sem desatar os nós que prendiam as mãos e os pés de Moïse.

Quando o casal pediu para desamarrarem o congolês, os agressores acataram e saíram de perto. O relato afirma que Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, identificado pela polícia como um dos suspeitos, chamou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Enquanto Moïse recebia atendimento médico, um carro da Polícia Militar chegou ao local. Os agressores foram questionados sobre o que havia acontecido, mas Brendon Alexander Luz da Silva, outro dos agressores identificado pela polícia, afirmou que não sabia.

Ao final do depoimento, a testemunha relata que viu Brendon e outro rapaz, não identificado, saírem do local em um carro de aplicativo.

Os agressores e comerciantes dos quiosques afirmam que o congolês estava agressivo e embriagado. Os suspeitos, que disseram conhecer Moïse, relataram à polícia que agiram após ele tentar pegar uma cerveja em um freezer.

Com informações de UOL