Tomar vitamina D diariamente pode reduzir o risco de doenças autoimunes, aponta estudo

21 de Março 2022 - 10h32
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Gerada naturalmente pelo corpo através da exposição ao sol, a vitamina D traz benefícios essenciais para o organismo. Embora ela seja comumente descrita como uma substância que regula os níveis de cálcio e fosfato no corpo — tornando-a benéfica para ossos e dentes —, pesquisadores suspeitam que a vitamina também tenha um efeito positivo no sistema imunológico.

Apesar da possível conexão entre vitamina D e o tratamento e prevenção de doenças autoimunes, uma ligação entre os dois nunca havia sido estabelecida — até agora. As informações são do “IFL Science”.

“Sabemos que a vitamina D faz todo tipo de coisas maravilhosas para o sistema imunológico em estudos com animais”, disse a autora sênior do estudo, Karen Costenbader, à “New Scientist”. “Mas nunca provamos antes que dar vitamina D pode prevenir doenças autoimunes”, completou.

Os resultados
Em um estudo randomizado e duplo-cego de longo prazo, pesquisadores do Brigham and Women’s Hospital, em Boston, nos Estados Unidos, investigaram a capacidade de dois suplementos potenciais para prevenir doenças autoimunes: vitamina D e ácidos graxos ômega 3.

Quase 26 mil participantes, todos acima de 50 anos, foram recrutados de todos os Estados Unidos e aleatoriamente designados para um dos quatro regimes diários: um suplemento de vitamina D e um placebo, um suplemento de ômega 3 e um placebo, um suplemento de vitamina D e um suplemento de ômega 3 ou dois suplementos placebo.

“O melhor dos ensaios randomizados é que eles realmente respondem à questão da causalidade”, declarou Karen. Embora tenha sido percebida, no grupo que tomou apenas suplementos de ômega 3, uma redução na incidência de doenças autoimunes em cinco anos, o efeito não foi tão grande quanto para os dois grupos que receberam suplementos de vitamina D.

E o resultado foi ainda mais pronunciado após os primeiros dois anos, passando de 22% para 39%. “É emocionante ter esses resultados novos e positivos para vitaminas e suplementos não-tóxicos que previnem doenças potencialmente altamente mórbidas”, disse a autora. “Agora, quando meus pacientes, colegas ou amigos me perguntam quais vitaminas ou suplementos eu recomendo que eles tomem para reduzir o risco de doenças autoimunes, sugiro vitamina D 2.000 UI por dia e ácidos graxos ômega 3 marinhos, 1000 mg por dia — as doses usadas no estudo.”

A pesquisa
Originalmente, o estudo — chamado VITAL — pretendia investigar se suplementos de vitamina D e ácidos graxos ômega 3 poderiam reduzir o risco de desenvolver câncer, doenças cardíacas e derrame em pessoas sem histórico das condições.

Pouco antes do lançamento do projeto, no entanto, a equipe decidiu realizar um estudo extra analisando as taxas de doenças autoimunes — condições como artrite reumatoide, polimialgia reumática, doença autoimune da tireoide e psoríase — nos participantes. “Dados os benefícios da vitamina D e ômega 3 para reduzir a inflamação, estávamos particularmente interessados ​​em saber se eles poderiam proteger contra doenças autoimunes”, disse a coautora JoAnn Manson, diretora do VITAL.

E apesar dos resultados positivos, os pesquisadores sabem que ainda há mais trabalho a fazer. A equipe espera que essa pesquisa encoraje as sociedades profissionais a atualizar as orientações sobre suplementos — as doses no estudo são muito mais altas do que as comumente recomendadas por órgãos de saúde, como o Conselho de Alimentação e Nutrição dos Estados Unidos ou o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido — e também esperam estender o estudo para incluir um grupo demográfico mais jovem.

“As doenças autoimunes são comuns em idosos e afetam negativamente a saúde e a expectativa de vida. Até agora, não tínhamos nenhuma maneira comprovada de preveni-los, e agora, pela primeira vez, temos”, disse a autora Jill Hahn. “Seria emocionante se pudéssemos verificar os mesmos efeitos preventivos em indivíduos mais jovens.”

Com informações do Palavra PB.