Cardiologista alerta para risco de infarto em mulheres depois dos 50 anos

20 de Fevereiro 2025 - 09h22
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O infarto fulminante em mulheres tem chamado a atenção de especialistas, especialmente na faixa etária entre 50 e 60 anos. De acordo com a OMS, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 1/3 de todas as mortes de mulheres no mundo. O recente falecimento da bispa Keila Ferreira, uma das líderes da Assembleia de Deus em São Paulo, vítima de um infarto fulminante, acendeu o alerta para a necessidade de prevenção. No Brasil, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as mulheres, segundo o Ministério da Saúde.

De acordo com Gustavo Torres, cardiologista do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), o infarto agudo do miocárdio é o maior responsável pelas mortes por doenças cardiovasculares tanto entre homens quanto entre mulheres. No entanto, o perfil de risco feminino tem se tornado cada vez mais próximo ao dos homens. “A alta mortalidade se deve à prevalência de fatores de risco como hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias, tabagismo, sedentarismo, obesidade e histórico familiar de doenças cardiovasculares”, explica.

Enquanto os homens costumam apresentar dores no peito irradiando para o braço, as mulheres frequentemente sentem desconfortos menos evidentes, como náusea, fadiga e dores nas costas ou mandíbula. “Muitas vezes, elas demoram mais a procurar assistência médica por não associarem os sintomas a um problema cardíaco”, aponta Torres. Além disso, o cardiologista ressalta que a dupla ou tripla jornada de trabalho, somada a uma alimentação inadequada, tornam as mulheres “cada vez mais suscetíveis às doenças”.

O diagnóstico precoce é essencial para evitar o agravamento da doença. Torres destaca que a dor torácica opressiva, que pode irradiar para o braço esquerdo e mandíbula, é o principal sinal de alerta, mas nem sempre presente. “Outros sintomas que devem ser observados incluem pressão desconfortável no peito, dor nos braços, pescoço, mandíbula, costas ou estômago, falta de ar inexplicável, náusea e vômito, tontura, suor frio, dor na parte inferior do tórax ou abdômen superior e fadiga extrema”, alerta.

Estudos do Ministério da Saúde apontam que uma em cada cinco mulheres no Brasil tem risco de sofrer um infarto. Para reduzir essa possibilidade, exames preventivos são fundamentais. “A avaliação cardiológica deve guiar quais exames são necessários para cada caso. Testes ergométricos, ecocardiogramas, cintilografias e cateterismos podem ser realizados de forma individualizada”, explica o especialista.

A obesidade e o sedentarismo são fatores determinantes no aumento do risco cardiovascular. Segundo Torres, além do peso, é preciso considerar a distribuição da gordura corporal. “A obesidade central, ou abdominal, está diretamente associada a um risco maior”, destaca.

Para evitar o infarto, o cardiologista reforça a importância de controlar os fatores de risco, como hipertensão, diabetes e colesterol alto, além de manter hábitos saudáveis. “Alimentação equilibrada e atividade física regular são essenciais para reduzir os riscos”, afirma.

Quando há suspeita de infarto, a rapidez no atendimento pode salvar vidas. “Buscar atendimento médico imediatamente e realizar um eletrocardiograma pode ser o diferencial entre sobreviver ou não. O infarto pode ter uma taxa de mortalidade de até 30% nas primeiras horas”, alerta Torres.

Fonte: Tribuna do Norte