
Delisiée Marinho ainda era creditada nas reportagens e apresentações como Delisiée Teixeira quando deixou a Globo em 2008. Diretora e roteirista de eventos, além de ser atriz nas horas vagas, a curitibana de 43 anos explicava o motivo de sua saída, quando resolveu desabafar. Em meio a propostas de trabalho como atriz, escolheu viver novas experiências. "E também por outros motivos pessoais.
Perguntada sobre quais seriam esses motivos pessoais, Delisiée ficou em silêncio. A resposta veio depois de um tempo, com a jornalista visivelmente emocionada. "Não foi por um bom motivo. Ai meu Deus do céu... Será que eu vou falar isso?!". E completou: "Eu saí da Globo porque houve um pedido do Schroeder para saber se eu queria ficar ou sair. Mas eu saí por causa de outro diretor. Ele estava me perseguindo há quatro anos. Eu liguei um dia chorando pro Emanuel Castro dizendo que não conseguia mais pisar na Globo, e ele acabou me dispensando naquele mesmo dia." Carlos Shroeder era o diretor de jornalismo na época e Emanuel Castro, o diretor do SporTV. O nome do terceiro diretor, Delisiée não quis revelar à reportagem. Mas esta é a história que ela conta sobre o que aconteceu ao longo de sua trajetória na TV.
O assédio por parte de um diretor da Globo, ela conta, começou no jantar de encerramento da emissora nas Olimpíadas de Atenas e incluiu uma série de promessas. "Veio com aquela história: 'o que você quer, para onde você quer ir, que programa que você quer apresentar? Porque eu posso te dar tudo'. Um papo bem pesado, e eu fingindo que não estava entendendo. Resolvi ir embora da festa", diz.
Pouco depois, ela viu uma série de mudanças em curso em seu dia a dia como repórter. "Quando voltei para Curitiba, fiquei sabendo que não iria mais fazer Jornal Nacional e nem programas de rede. Liguei para saber o que tinha acontecido e o editor do JN disse que era uma ordem que eles tinham recebido. O Emanuel me contou que tentou interceder nas reuniões do esporte, e o diretor sempre respondia que não queria ouvir falar no meu nome. Cheguei a ir ao Rio de Janeiro para conversar, entrei na sala dele e nem olhou na minha cara. Perguntou o que eu queria, e mandou eu fazer o meu trabalho."
A Globo, no entanto, não ficou sabendo do drama vivido por Delisiée lá dentro. Ela se arrepende de não ter levado o caso a nenhuma instância na TV, e acredita que, se fosse hoje, agiria de outra maneira. "Eu era muito novinha. Tinha 27 anos, era repórter em Curitiba. Não levei isso para o RH, não levei isso para o Schroeder. Não levei isso para ninguém. Hoje em dia, jamais deixaria uma pessoa fazer isso comigo." A saída da emissora acabou sendo a única opção.
Fonte: Uol