Reduzir calorias aumenta a longevidade? Estudo mostra que não é bem assim

20 de Outubro 2024 - 15h28

Seria o consumo abusivo de calorias o único motivo que faz viver menos anos? A relação entre a ingestão calórica e a longevidade é uma questão bastante complexa, na qual entram em campo fatores como a genética. Esta é a conclusão de um estudo publicado pela revista científica Nature no dia 9 de outubro, no qual foram analisados quase 1.000 ratos geneticamente diversificados.

A pesquisa, liderada pelo Laboratório Jackson, nos Estados Unidos, e disponibilizada na Biblioteca Nacional de Medicina americana, avalia que, ainda que a restrição calórica tenha alongado a vida de todos os roedores, os efeitos sobre a saúde foram distintos.

Os dados levam clareza sobre os critérios para medir as expectativas de vida e de saúde — dois conceitos distintos, embora ambos relacionados ao envelhecimento.

Restringir calorias para viver mais?

O estudo submeteu 960 ratazanas fêmeas que representam uma ampla gama de características fisiológicas a cinco intervenções distintas: um grupo tinha uma dieta normal com um consumo ilimitado de alimentos; outro teve sua ingestão calórica reduzida em cerca de 20%, enquanto um terceiro grupo ingeria 40% menos calorias. Os outros dois foram submetidos a uma dieta de jejum intermitente, com um grupo jejuando um dia por semana, e o outro, dois dias consecutivos por semana.

Os autores, liderados pelo pesquisador Alison Luciano, compilaram e cruzaram dados de aproximadamente 200 exames médicos, entre traços metabólicos, funcionais e imunológicos dos ratos durante o resto de suas vidas.

Constatou-se que a alimentação com base numa dieta reduzida aumentou a expectativa de vida entre os animais. Essa conclusão foi válida para todos os roedores, com respostas proporcionais ao nível de restrição. No entanto, apenas a restrição calórica reduziu significativamente a taxa de envelhecimento.

Os que foram submetidos a uma redução de 40% das calorias também aumentaram suas expectativas de vida. Assim sendo, os pesquisadores constataram que a redução calórica influencia a expectativa de vida, mas isso também vai depender da idade, da ascendência genética e da resistência do próprio corpo a esse novo cenário.

A expectativa de vida foi prolongada na mesma medida para os ratos mais leves e para os mais pesados. Contudo, os que foram submetidos ao jejum intermitente com um peso corporal elevado antes da intervenção não mostraram indícios de melhorias nesse aspecto.