
Fernando Zor, da dupla com Sorocaba, disse que tomava por dia até 15 comprimidos de zolpidem, remédio para induzir o sono. Em entrevista ao "É de Casa" (TV Globo), ele contou usar o medicamento para "amenizar as angústias" em uma época em que teve depressão.
Zor ficou internado por sete dias no início deste mês para começar a tratar a dependência química. Isso aconteceu após ele ter uma crise de ansiedade durante a conexão de um voo para Vancouver, quando ia visitar a filha que mora no Canadá. O sertanejo misturou o zolpidem com bebida alcoólica e não conseguiu seguir viagem. "Foi a pior experiência da minha vida", afirmou.
"Faz um bom tempo que eu faço o uso do zolpidem para dormir. Teve uma época que eu entrei em depressão, tive muitas angústias e eu acabava tomando zolpidem para amenizar. Usava talvez uns 15 comprimidos por dia porque durante o dia, às vezes, eu estava angustiado e tomava o remédio para relaxar." - Fernando Zor
Para que funciona e como age o zolpidem?
- O zolpidem é um hipnótico não benzodiazepínico do grupo das imidazopiridinas: essas substâncias agem nos centros do sono que estão localizados no cérebro. É por isso que o medicamento pode ser indicado para pessoas com dificuldade para dormir.
- A substância só pode ser comercializada sob prescrição médica.
- Uma das principais características do zolpidem é a rápida ação. A substância começa a agir no organismo em cerca de 30 minutos.
- Os objetivos do medicamento são: encurtar o tempo da pessoa pegar no sono e reduzir o número de vezes que ela acorda durante a noite.
- A duração do tratamento deve ser a menor possível: não deve ultrapassar 4 semanas, assim como todos os hipnóticos. A recomendação é que a causa primária da insônia seja identificada sempre que possível e seja tratada antes da prescrição de um hipnótico.
Quem não pode tomar o zolpidem?
- Grávidas ou lactantes;
- Crianças;
- Pessoas com insuficiência respiratória severa e/ou aguda (dificuldade respiratória);
- Pessoas com insuficiência do fígado severa;
- Pessoas alérgicas a qualquer componente do medicamento.
Risco de alucinações e dependência
Fernando Zor toma o remédio há quatro anos e, há dois, passou a usá-lo com maior frequência e em doses maiores do que as prescritas por seus médicos.
"Se não apagar a luz, ele dá um efeito alucinógeno. Se ficar no celular, então, aí que o sono vai embora. Você fica com vontade de falar com todo mundo, promete as coisas. Realmente deixa você com a sensação de que tudo está resolvido."
O cantor teve problemas de memória e de consciência pelo uso excessivo do zolpidem. Segundo Zor, quando está "gatilhado" por algum problema, "você acaba fazendo besteira" usando o remédio. "Vi que estava atrapalhando também os meus shows. Músicas que eu estava acostumado a cantar desde criança, de dar um apagão assim, de esquecer a letra e eu percebi que isso era por causa do zolpidem."
Isso é comum?
O perfil de tolerabilidade do remédio é considerado alto e as reações adversas graves geralmente são mais raras, segundo Gabriel Freitas, consultor do CFF (Conselho Federal de Farmácia) e professor de ciências farmacêuticas da UFPB (Universidade Federal da Paraíba).
Mas existem alguns fatores que podem aumentar o risco de uma pessoa sofrê-las:
- Os efeitos colaterais do zolpidem são determinados pela dose do remédio. Ou seja: quanto maior ela for, maiores serão também as reações adversas.
- Altas doses de zolpidem também estão associadas a um aumento no risco de dependência, especialmente entre pessoas que apresentam risco, histórico de abuso ou dependência de outras substâncias.
- Idosos acima de 65 anos ou pacientes debilitados têm maior risco de desenvolver reações adversas. No primeiro grupo, por exemplo, a bula do remédio afirma que a dosagem não deve exceder 10 mg por dia.
- Misturar zolpidem com bebidas alcoólicas ou com medicamentos contendo álcool contribui para efeitos indesejados. O álcool intensifica a ação sedativa e hipnótica, afetando a capacidade de vigilância e aumentando o risco de acidentes ao dirigir ou na operação de máquinas, por exemplo.
- Segundo a bula do medicamento, outro fator de risco são as interações medicamentosas. O uso concomitante de zolpidem com antipsicóticos (neurolépticos), hipnóticos, ansiolíticos/sedativos, agentes antidepressivos, analgésicos narcóticos, drogas antiepiléticas, anestésicos e anti-histamínicos pode aumentar a sonolência e o comprometimento psicomotor.
Alerta
Sedativos e hipnóticos como o zolpidem podem causar perda da memória para fatos que aconteceram logo após o uso do medicamento (a chamada "amnésia anterógrada"). Pela bula, isso geralmente ocorre algumas horas após a administração. Por isso a recomendação é tomá-lo sempre imediatamente antes de deitar.
Se o medicamento causar sonambulismo ou outros comportamentos incomuns (como dormir enquanto dirige ou faz uma ligação, por exemplo), além de episódios de delírio —na manhã seguinte a pessoa não lembrar o que fez durante a noite—, é preciso interromper o tratamento e que o paciente procure o seu médico.
Com informações do Viva Bem - UOL