Escola de Natal convida estudantes a cancelarem a cultura do cancelamento

08 de Março 2021 - 14h14
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O convite é inusitado. Enquanto a cultura do cancelamento ganha corpo na internet, uma escola de Natal estimula os alunos a cancelarem essa prática. Isso porque, segundo profissionais da educação, a ação que está na moda pode afetar os jovens e até comprometer a aprendizagem.
Em evidência, principalmente nas relações virtuais, o cancelamento é a atitude de negar o outro por eventuais erros antes mesmo de oportunizar reparação. Porém, a gestora educacional do Complexo Educacional Contemporâneo, Mônica Guimarães, alerta que esse sentimento de exclusão não é positivo para ninguém.
“A ação do cancelamento pode trazer consequências negativas tanto para quem é cancelado como para o ‘cancelador’, já que o sentimento de pertencimento no grupo faz parte do desenvolvimento humano, principalmente nessa fase, e conviver com a intolerância não é nada legal”, explica ela.
Para chamar a atenção dos jovens, o Contemporâneo tem tratado do tema em sala de aula, como já fazia com o bullying. “Ambos são construções sociais que determinam comportamentos ruins, que vão desencadear sentimentos negativos, exclusivos e preconceituosos em relação ao outro”, define Mônica.
Segundo Marianny Andrade, dirigente da escola, a ideia com a abordagem é oferecer espaços saudáveis para que se possa fomentar a construção do diálogo, já que “é a partir dele que os sentimentos de pertencimento se constroem”. Para ela, “cabe ao colégio propiciar debates construtivos e alimentar o sentimento de perdão, resiliência e gratidão”. 
A provocação tem por objetivo surtir efeito a curto prazo: o estabelecimento de um desenvolvimento saudável da consciência entre os jovens, de forma que eles consigam gerar vínculos com o próximo, aceitar suas questões e elaborar as diferenças. Tudo para que antes de pensar em cancelamento, eles consigam cancelar esse pensamento.