Há pouco ou nenhum espaço para novo auxílio emergencial, diz presidente do BC

09 de Fevereiro 2021 - 12h38
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O espaço fiscal do Brasil para realizar novos programas para estimular a economia, sem haver qualquer corte com outras despesas, é "pouco ou nenhum", afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

"Acho que tem um espaço limitado. Entendemos a necessidade disso, mas temos que estudar o que pode ser feito", disse, nesta terça-feira (9), em reunião virtual com investidores estrangeiros promovida pelo Observatory Group.

De acordo com Campos Neto, a prorrogação ou reformulação de medidas como o auxílio emergencial exige uma contramedida para "garantir que estamos falando para o mercado que temos a necessidade de gastar um pouco mais, mas que estamos tomando medidas para frear um crescimento de despesas futuras". Na segunda-feira (8), o presidente Jair Bolsonaro sinalizou que o governo tem trabalhado para renovar o benefício.

Para o presidente do BC, no cenário econômico atual, com as fragilidades fiscais do Brasil e a alta inflação, o efeito negativo de gastar mais pode anular ou superar o benefício de liberar recursos para a população. Ele entende também que há consenso no Legislativo e no Executivo para a responsabilidade fiscal quanto à recriação de programas emergenciais. 

"Achamos importante passar a mensagem para o governo de que temos espaço limitado para manobras. Temos que ser sérios sobre a narrativa que temos de ir em frente com o que será feito para alcançar a convergência fiscal", disse.

Ele comentou ainda que os mercados estão "muito sensíveis com pequenas mudanças". Assim, reforçou que a autoridade monetária segue vendo a pressão inflacionária como temporária. 

"Reconhecemos que a inflação se espalhou mais do que esperávamos. [...] Para nós, temos que fazer a política olhar um pouco mais para o longo prazo", afirmou.

Campos Neto frisou que o Banco Central brasileiro tem um regime de metas inflacionárias. "Olhamos para a inflação. Essa é nossa meta número um".

A expectativa dele é que a alta de preços seja absorvida com o fim dos programas emergenciais de manutenção da renda e apoio social aos brasileiros mais vulneráveis.

Fonte: CNN