‘Não vale garantir a economia com perda de vidas’, diz Rodrigo Maia

18 de Março 2020 - 06h25
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A crise do coronavírus no país deixou mais explícita a turbulenta relação do Palácio do Planalto com o Congresso. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), rebateu as críticas feitas ontem pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, pelo impacto na economia de medidas duras que governadores têm adotado no combate à doença. “Precisamos priorizar as vidas”, reagiu Maia.

Questionado, no final da noite de ontem, sobre a decisão do governo de pedir a decretação de calamidade pública, o presidente da Câmara disse apoiar a iniciativa e prometeu celeridade na tramitação da matéria na Casa.

Classificando a atual crise como “um tsunami”, Maia voltou a dizer que tanto ele, quanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), estão abertos ao diálogo, e ressalta que foram “médicos” que recomendaram isolamento a Bolsonaro. Até o momento da entrevista ao GLOBO, no fim da tarde de terça-feira, o presidente da Câmara ainda não havia recebido um convite oficial para o encontro anunciado por Bolsonaro para a noite desta quarta.

Mesmo com o coronavírus, o senhor decidiu por não parar as atividades. Por quê?

O Congresso é parte da solução da redução de danos que essa crise trás para o Brasil. O Brasil é uma democracia. Se o Parlamento se omite da sua responsabilidade, o que a sociedade vai imaginar? Que vai estar completamente desprotegida. O Parlamento não vai fechar. Fechou, infelizmente, na ditadura e não fechará nunca mais.

O governo resolveu pedir ao Congresso a decretação de calamidade pública para poder aumentar os gastos, o senhor concorda?

Eu sempre defendi a ampliação dos gastos públicos, que a única saída para enfrentar a crise era com recursos públicos. O governo toma a decisão correta. Deve encaminhar esse decreto para o Congresso Nacional, que de forma urgente vai tramitar e aprová-lo para que o governo tenha espaço fiscal para poder realizar os investimentos necessários para o enfrentamento dessa crise.

O Globo