Presidentes da OAB e Abraji criticam intimação a Bonner e Renata após censura

05 de Dezembro 2020 - 03h43
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Os presidentes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, e da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Marcelo Träsel, criticaram a intimação da Polícia Civil do Rio de Janeiro aos âncoras do Jornal Nacional, da Rede Globo, William Bonner e Renata Vasconcellos.

Os jornalistas foram intimados para depor por suposto crime de desobediência a decisão judicial, com relação a publicações sobre investigação das supostas "rachadinhas" no gabinete de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Assembleia Legislativa do RJ (Alerj).

Pelas redes sociais, o presidente da OAB disse que a intimação é uma "afronta, ainda que simbólica, contra a imprensa livre". "E os símbolos não podem ser ignorados. Há canetadas que pesam. Mas a Constituição pesa muito mais", continuou.

Em nota à imprensa, o presidente da Abraji afirmou que o assunto poderia ser tratado de outras maneiras, "sem espetacularização". "Causa estranheza a intimação de dois profissionais do Jornal Nacional, em lugar de representantes do grupo empresarial ao qual o produto está vinculado. Haveria outras formas pelas quais o assunto poderia ser tratado, sem espetacularização por parte Polícia Civil".

"O senador Flávio Bolsonaro está em seu direito ao apresentar notícia-crime contra a cobertura do caso das 'rachadinhas' por parte da TV Globo, mas infelizmente o faz para defender a censura prévia imposta pela Justiça do Rio de Janeiro e sustentada pelo STF, em clara violação à liberdade de imprensa e aos direitos fundamentais previstos na Constituição. A atitude mais republicana teria sido explicar o caso a seus eleitores através do Jornal Nacional", completou Träsel.

A 'censura prévia' citada diz respeito ao fato de Globo ter sido proibida pela Justiça de publicar informações sigilosas sobre o caso envolvendo Flávio Bolsonaro e o ex-assessor dele, Fabrício Queiroz.