
Os dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) revelam um cenário preocupante para o Rio Grande do Norte, que figura como o segundo estado com maior índice de adultos obesos do Brasil, com 42,09% da população atendida pelo SUS nessa condição, atrás apenas do Rio Grande do Sul (43,06%). Esse número é muito superior à média nacional de 31%, conforme o Atlas Mundial da Obesidade.
Fatores que influenciam o alto índice de obesidade no RN:
Insegurança alimentar: De acordo com o endocrinologista Pedro Henrique Dantas, o estado enfrenta um problema crônico de acesso limitado a alimentos saudáveis. Alimentos ultraprocessados, que são mais baratos e acessíveis, tornam-se a principal opção para grande parte da população.
Baixa renda: O levantamento do Sisvan se refere a pacientes do SUS, representando a população mais vulnerável economicamente. Estados com menor renda, como o RN, tendem a registrar índices mais elevados de obesidade justamente nessa parcela da sociedade.
Falta de políticas públicas estruturadas: A ausência de ações eficazes voltadas à prevenção da obesidade, à promoção de hábitos alimentares saudáveis e ao incentivo à atividade física agrava a situação.
Impactos nas mulheres e tratamento
A endocrinologista Marília Farache destaca que a obesidade atinge mais as mulheres, devido a fatores hormonais e emocionais. O diagnóstico se dá por meio do IMC (Índice de Massa Corporal), e outras métricas como composição corporal e circunferência abdominal. A gordura visceral, especialmente a abdominal, é um dos principais riscos à saúde.
A história da assistente social Edivânia Viana, que perdeu 15 kg com acompanhamento no HUOL, ilustra os desafios enfrentados por quem convive com a obesidade. Seu ganho de peso foi causado pelo uso de corticoides para tratar a tireoide, e ela destaca as limitações físicas impostas pelo quadro antes do início do tratamento.
Classificação da obesidade pela OMS:
Grau I: IMC entre 30 e 34,9
Grau II: IMC entre 35 e 39,9
Grau III (obesidade mórbida): IMC acima de 40
Caminhos para a reversão do quadro
A reversão dessa realidade exige ações integradas, segundo os especialistas:
Prevenção desde a infância, com promoção de alimentação saudável e combate ao sedentarismo.
Tratamento contínuo e estruturado, com equipe multiprofissional: médicos, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e psiquiatras.
Combate à insegurança alimentar e criação de políticas públicas inclusivas para garantir o acesso a uma alimentação de qualidade.
A obesidade é uma doença crônica multifatorial, com raízes sociais, econômicas e comportamentais. Enfrentá-la exige mais do que ações individuais: requer compromisso político, investimentos públicos e estratégias intersetoriais.