
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (CREA-SE) emitiu uma Nota Técnica com alerta contundente: a recarga de veículos elétricos em garagens subterrâneas, sob pilotis ou em ambientes fechados de edificações existentes representa risco estrutural severo, com possibilidade de colapso parcial ou total das estruturas.
A nota responde a uma solicitação do Ministério Público de Sergipe e analisa os perigos relacionados ao aumento de temperatura em incêndios envolvendo baterias de íons de lítio — comuns em carros elétricos. Segundo o documento, essas baterias podem ultrapassar 1.000ºC em caso de incêndio, comprometendo profundamente a resistência dos materiais usados em construções tradicionais, como o concreto. A partir de 600ºC, por exemplo, o concreto perde mais da metade de sua resistência à compressão.
Além disso, os incêndios com baterias de lítio têm características específicas: difícil extinção, possibilidade de reignição espontânea e liberação de calor extremo por longos períodos. O CREA-SE alerta que as normas brasileiras ainda não contemplam integralmente essa nova realidade, especialmente no caso de edificações com alvenaria estrutural.
Recomendações do CREA-SE:
1. Proibição da recarga em garagens internas de prédios residenciais, comerciais, shopping centers, hospitais, escolas, academias, cinemas, teatros, entre outros tipos de edificações.
2. Instalação de estações de recarga em áreas abertas, externas às edificações.
3. Distanciamento mínimo de 3 metros entre os veículos durante a recarga, ou barreiras físicas para evitar propagação de incêndio.
A orientação vale enquanto não houver adaptações normativas e estruturais adequadas para lidar com o risco crescente trazido pela popularização dos veículos elétricos.
Segundo o presidente do CREA-SE, Eng. Dilson Luiz de Jesus Silva, “é preciso agir com cautela, pois as edificações não foram projetadas para suportar esse novo tipo de sinistro, que exige resposta técnica e normativa urgente para garantir a segurança coletiva”.
A Nota Técnica se baseia em diversas normas da ABNT, incluindo a NBR 15200 (Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio), e serve como referência preventiva para legisladores, síndicos, engenheiros e gestores públicos.
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